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Vitamina D é essencial para ativar o sistema imunológico
Sandra Szivos
A descoberta de que
a vitamina D é essencial para ativar o sistema imunológico dá novas ferramentas
para que os médicos lidem com as reações autoimunes e até mesmo combatam a
rejeição de órgãos transplantados. [Imagem: Bartosz Kosiorek]
Vitamina essencial
Quando o corpo humano lutra contra uma
infecção, as células T (timo) ajudam a nos manter saudáveis localizando e destruindo vestígios
da presença dos patógenos, os agentes infecciosos externos que nos atacam.
Mas uma nova pesquisa feita na
Dinamarca mostra que as células T precisam de boas doses de vitamina D no
sangue a fim de entrarem em ação e executar o seu papel corretamente.
Esta descoberta, cujos detalhes foram
publicados na revista científica Nature Immunology, dá novas
ferramentas para que os médicos lidem com as reações autoimunes e
até mesmo combatam a rejeição de órgãos transplantados.
Células T
As células T são um tipo de glóbulo
branco que desempenham um papel central no sistema imunológico. A fim de encontrar,
reagir e lutar contra várias infecções no corpo, as células T devem passar de
um estado de células dormentes e inócuas para um estado de células ativas,
capazes de matar as bactérias e os vírus.
Os cientistas da Universidade de
Copenhague agora descobriram que a vitamina D é um elemento crítico para que as
células T façam essa transição e cumpram seu papel.
Sem fontes suficientes da vitamina D no
sangue, dizem os pesquisadores, as células permanecem latentes e são, portanto,
incapazes de se "ativar" para lutar contra os patógenos externos.
Antena receptora de vitamina
"Quando uma célula T é exposta a
uma patógeno invasor, ela estende um dispositivo de sinalização, uma espécie de
'antena', que se sabe ser um receptor da vitamina D, com a qual ela procura pela vitamina D," diz
Carsten Geisler, um dos autores do estudo.
"Isto significa que a célula T
deve dispor de vitamina D ou a ativação da célula cessará. Se as células T não
conseguirem encontrar uma quantidade suficiente de vitamina D no sangue, elas
não vão nem mesmo começar a se mobilizar," diz o pesquisador.
Fontes de vitamina D
A luz solar é a fonte natural de
vitamina D, que é produzida quando a pele é exposta ao Sol.
Muito poucos alimentos contêm grandes
quantidades de vitamina D. Entre as melhores fontes estão os peixes com alto
teor de gordura, como salmão, atum e cavala, enquanto pequenas quantidades de
vitamina D podem ser encontradas no queijo, leite e gema de ovo.
Embora os especialistas recomendem uma
dose diária de entre 25 e 50 microgramas de vitamina D, não há estudos
definitivos para determinar a quantidade ideal.
Estudos mostram que os jovens brasileiros têm insuficiência de vitamina D.
A falta da vitamina também é apontada como causa da elevação do risco de hipertensão em mulheres, do aumento do risco de gripe e de problemas no coração.
Ativação do sistema imunológico
Os cientistas foram capazes de seguir a
sequência bioquímica associada à transformação de uma célula T de sua forma
inativa até sua forma ativa.
Esta capacidade de acompanhar a
sequência representa a possibilidade de intervir em muitos pontos desse caminho
a fim de modular a resposta imunológica.
A principal conclusão foi que as
células T inativas não contêm o receptor de vitamina D e uma molécula
específica, chamada PLC-gamma1.
"Os cientistas sabem há muito
tempo que a vitamina D é importante para a absorção de cálcio e a falta desta
vitamina também tem sido ligada a doenças como câncer e esclerose múltipla, mas
o que nós não sabíamos é como a vitamina D é crucial na ativação do sistema
imunológico. Agora já sabemos," afirma o Dr. Geisler.
Reações autoimunes e rejeição de órgãos
Este novo conhecimento tem o potencial
para ajudar a regular a resposta imunológica do organismo, que é importante não
só no que diz respeito ao combate a doenças, mas também para lidar com as
reações anti-imunes e com a rejeição de órgãos - após os transplantes de
órgãos, as células T podem começar a atacar o órgão do doador como sendo um invasor
externo.
O Dr. Geisler acrescenta que a pesquisa
poderá ajudar também a combater doenças infecciosas e epidemias globais.
"[Os resultados] terão um uso
especial no desenvolvimento de novas vacinas, que funcionam seja treinando
nosso sistema imunológico para reagir, seja suprimindo as defesas naturais do
nosso corpo em situações nas quais isto é importante no tratamento - como é o
caso dos transplantes de órgãos e das doença autoimunes."
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